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Atriz de 24 anos faz primeira aparição em tela grande como protagonista em ‘Vou Nadar Até Você’, longa metragem do fotógrafo Klaus Mitteldorf
Ainda na infância, Bruna Marquezine teve as primeiras experiências no cinema. À época, ela foi coadjuvante em filmes da Xuxa e em papéis pouco lembrados, como pontas em Mais Uma Vez Amor e Flordelis – Basta Uma Palavra Para Mudar.
Até o momento, no entanto, a atriz de 24 anos tem a figura ligada principalmente aos papéis na TV.
Para mudar esse perfil, Bruna topou encarar pela primeira vez o posto de protagonista no filme Vou Nadar Até Você, do fotógrafo Klaus Mitteldorf. O projeto, rodado em 2017, é um filme de arte em que as cenas que exaltam as belezas do litoral paulista transformam-se em coadjuvante e cenário da atuação de Bruna.
Logo nesse primeiro projeto “sério” na tela grande, a atriz teve uma grande responsabilidade: ser personagem de 70% das cenas. Embora tenha poucas falas em um longa em que a contemplação e o silêncio dão o tom da narrativa, Marquezine teve outros desafios que vão além do que ela costuma encarar na TV.
No papel de Ofélia (que na obra de Shakespeare morre afogada), ela passa boa parte do filme nadando em mar aberto e em rios em busca do pai desconhecido.
Para isso, ela precisou aprender a nadar num intensivão de três semanas de aulas na piscina do Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Ou não teria como fazer o papel. “Tinha minha carteirinha e tudo. Precisei de um preparo físico, mas foi prazeroso. E eu nunca antes tinha encontrado conforto fazendo exercício”, reflete Bruna. “Nunca recebi muitas propostas para o cinema. Sou rotulada como atriz de TV. Receber esse convite foi algo muito distante de tudo que eu já fiz. E eu me reapaixonei pela minha arte”, comenta a atriz.
O filme tem início com um pulo da Ponte Pênsil de São Vicente (realizado por uma dublê) e diversas paradas em cidades no caminho para Ubatuba, onde mora o pai dela, o fotógrafo Tedesco (interpretado pelo alemão Peter Ketnath).
No meio da jornada desse road movie que exigiu que a equipe estivesse em locações diferentes todos os dias das gravações, Ofélia encontra com personagens do passado da mãe, Thalia (Ondina Clais), e enfrenta perigos silenciosos que estão sempre em terra, nunca no mar. “Essa é uma personagem introspectiva e com poucas falas. Em novela, a palavra tem muito valor. E nesse filme pude me libertar da palavra e viver a cena. Na vida, de modo geral, palavras atrapalham. Ofelia é muito autentica, o que é bem diferente do que eu ja fiz até hoje”, define.
Projeto quase biográfico
Embora seja uma história ficcional, Vou Nadar Até Você tem inspirações na história do próprio autor e diretor, o fotógrafo Klaus Mitteldorf. Segundo o artista, algumas passagens do filme aconteceram também na vida dele e parte do material usado é resgatado da própria obra.
A ideia de filmar na água, por exemplo, surgiu em um projeto artístico que ele começou ainda nos anos 90 com a então bailarina Ondina Clais (hoje atriz e que aparece no filme como a mãe de Bruna). “Eu era bailarina e comecei a fotografar com o Klaus embaixo d’agua. Eu e a Ana Ivanoff. Começamos a desenvolver a morte da Ofélia para as câmeras dele. E algumas fotos usadas ali sou eu mesma”, explica a atriz.
Klaus complementa essa revelação assumindo que reutilizou material até mais antigo na montagem de Vou Nadar Até Você. “Fotografei muito a Rio Santos nos anos 1970, porque dava para fugir da ditadura fora da capital e ficar em paz por lá. Em 1975, fiz o documentário Terral, sobre surfe. Fotogramas que estão no filme foram extraídos desse trabalho também. Litoral paulista é lindo, mas muito pouco filmado e merece ser cenário”, lamenta.
O projeto é uma parceria da Elocompany e Cinemark e foi filmado em 2017. A ideia com o longa é a formação de um público que se intersse por cinema de arte e a criação de espaço para filmes que fujam do óbvio e retrate minorias. A estreia de Vou Nadar Até Você é nesta quinta-feira (5) e o filme fica em cartaz por um mês.
Fonte: R7